12 de jan. de 2011

Entrevista com Chelo no Rugby Mania

Entrevista: o Educador IRB Marcelo Blanco e o rugby nordestino
Por Karlla Davis

O rugby feminino na região Nordeste completou recentemente cinco anos de vida. Ainda é um número pequeno mas que carrega consigo uma carga de trabalho e dedicação de muitas meninas e treinadores ao longo destes anos. Para falar um pouco sobre o esporte de um modo geral trazemos hoje o Educador IRB Marcelo Blanco, ou Chelo como é conhecido na comunidade rugbística, um dos responsáveis pelo Recife Rugby e grande colaborador pelo desenvolvimento do rugby na região.



Imagem do arquivo pessoal de Marcelo Blanco

Chelo: Não vou falar toda a história, não é que seja grande, mas para não aborrecer os leitores, porém acho importante sim falar do meu começo pois foi o que mudou minha vida.

Aos 8 anos Carlos Stefani, procurando recrutar meninos para o clube a que ele pertencia chamado de San Patricio (em Buenos Aires na Argentina), pede permissão a meu pai para levar meu irmão e eu para conhecermos o esporte. Foi uma boa decisão de meu pai aceitar. A partir de então joguei três anos nesse clube e depois passei para o Curupayti onde permaneci até vir para o Brasil.

Em San Patricio dei os primeiros passos para saber o que era o rugby, os amigos, a união entre nós e sempre sem esquecer que estávamos ali para nos divertir. No Curupayti comecei a ver e entender mais sobre rugby especificamente, sem deixar de lado o que já tinha aprendido. Minha sorte foi que nos dois clubes que joguei sempre tive grandes pessoas como treinadores que se dedicaram ao rugby com o coração sem medir esforços. No primeiro clube como exemplo foram os 3 anos com Julio Iúdice um advogado louco mas apaixonado pelo rugby, e no Curupayti tenho duas grandes pessoas também para destacar, Ronnie Walker e Gualberto Wheeler, que se encarregaram de nos aperfeiçoar até que chegamos ao plantel superior do clube, sonho de todo jogador de rugby argentino.

Rugby Mania - Como você conseguiu apoiar o rugby feminino no Nordeste mesmo sabendo que na Argentina não é um esporte comum entre meninas?

Chelo - Só por insistência das jogadoras. De outra forma não teria aceitado isso nunca.

RM - Como você vê o rugby hoje no Nordeste após ter realizado cursos de Coach, Educator e arbitro Nível II?

Chelo - Minha visão não vai depender dos cursos feitos, mas sim da realidade e estou vendo que o rugby nordestino está crescendo muito. Meu medo não é que ele cresça muito, mas sim que cresça demasiadamente rápido, não dando tempo principalmente aos jogadores de absorver a filosofia e os valores que fazem o rugby ser um esporte destacado.

RM - Quais são os fatos que mais marcaram sua vida dentro do rugby?

Chelo - O rugby para mim sempre esteve cheio de fatos que foram marcando minha vida, mas como devo responder a pergunta poderia mencionar injustamente só dois. O campeonato de M16 de Buenos Aires em 1989 onde ganhamos um título juvenil depois de 50 anos do último que tinha conseguido o clube. E o outro fato foi a gira que fizemos a Europa em 1992 onde depois de levar bastante surra dos times anfitriões de 6 cidades diferentes da Inglaterra, País de Gales, Escócia e França, conseguimos ganhar os 6 jogos. Até no jornal Clarín aparecemos!.

RM- Quais as diferenças marcantes que você vê no rugby praticado na Argentina para o rugby praticado no Brasil e no Nordeste?

Chelo - A meu modo de ver, e falando de desenvolvimento, a diferença marcante é a idade em que os jogadores começam a jogar e a regularidade com que eles praticam. Na Argentina se começa a jogar a partir dos 6 anos no melhor dos casos e nessa idade você pode transmitir muita coisa aos meninos e eles vão incorporando tudo, não só das coisas técnicas pois nessa idade nem é rugby que se joga, mas sim em questão comportamentos e de habilidades. Lá muita pouca gente começa jogar em idade adulta, enquanto aqui no Brasil e no Nordeste esse número é grande.

Acredito que tudo isso faz com que o rugby que se vê na Argentina seja mais rápido, mais dinâmico e que os jogadores joguem com veemência. Mas agente está trabalhando muito para chegar lá.

RM - O que é mais difícil, ser árbitro ou ser técnico?

Chelo - Ser árbitro.

RM - Como você se sente ao ver o rugby feminino no Nordeste prestes a completar 5 anos de existência?

Chelo - Entusiasmado.

RM - Qual recado deixaria para crianças, adolescentes, adultos e idosos para que se interessem pelo rugby?

Chelo - Para as crianças lhes diria que se querem brincar com algo bem divertido, uma bola engraçada onde poderão fazer muitos amigos, o rugby os espera.

Para os adolescentes e adultos diria que se animem a conhecer um esporte cheio de valores que os acolherá e se sentirá parte de uma família.

Aos idosos lês diria que ainda tem desafios pela frente e que o rugby pode ser um deles, e também que o neto lhe agradecerá eternamente por telo acompanhado aos treinos de rugby enquanto ele mesmo colabora com os educadores para o crescimento do esporte !


Fonte: Rugby Mania

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